segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Não é prazo, é necessidade


Então tá. As palavras precisam sair, de um jeito ou de outro. Até hoje, quinta feira. Não que eu tenha promessas, horários, prazos ou compromissos. Talvez seja porque elas estão entaladas na minha garganta, ou porque minha mente não as aguenta mais tentando traduzir o que meus pensamentos pensam. Acho engraçado e até meio irônico pensar sobre os pensamentos da minha mente. Pra falar a verdade, não me parece ser mais uma intertextualidade, mas sim uma ironia do mesmo grau de... um médico doente? Mas uai, acontece. De qualquer maneira, preciso falar, falar, falar do quê? Não sei. Quando se pensa em muita coisa, não se pensa em nada. Hoje não quero falar da justiça desvirtuada do plenário, da economia do começo de todo ano depois de um natal materialista, das matas sem proteção, nem da dor física no coração de quem tem saudade. Quero continuar falando dessas bobices da minha mente. Sobre "bobices" é interessante a prévia: eu não estou apaixonada. 
A maior das bobices que as palavras tentam traduzir é sobre como eu queria me livrar dessa gripe, a qual, provavelmente, se deriva de uma desobediência à uma mãe enfermeira, que ainda como quem quer rir, avisa com tom (único) materno "Não entre no rio essa hora, não vou cuidar de ninguém com dor de garganta a noite". Embora não fosse tarde, também não era noite. Pra falar a verdade, nunca soube o bom horário para estar numa praia, numa chácara, num rio... Ou o sol está muito quente - e se engana você que só caminhoneiros têm cancer de pele - , ou já está ventando muito. Entrei no rio mesmo assim. Sabe, mergulho naquele rio desde que não tenho frescuras com o solo arenoso e gelado, o que, sinceramente, não faz muito tempo. Sim, sou dessas netas frescas de avô que mora em chácara, mas que só sabe ajudar a colher laranjas. Enfim, ainda que não faça anos que eu entre naquele rio, cada vez que o faço, tenho vontade de renomeá-lo. O Paranapanema já me veio à mente como "Jordão", "Viena", "Nicole", "Polar", "Infinito" e "O maior dos Mutantes". Fiquei com esse último.
 Um rio não precisa de superpoderes, um rio é simplesmente um rio. E um rio, ainda que visto sempre da mesma margem, muda. As águas nunca são as mesmas. Corroem, renovam, estragam, purificam, enferrujam, limpam, congelam, ou apenas matam meu calor. Apesar do mesmo frio ao sentir o vento na pele, quando se sai do Paranapanema, nunca se sente a mesma paz. Nem as águas, nem a paz, nem as palavras, nem as felicidades, nem o tempo, nem a moda, nem as preferências, nem as tristezas, muito menos os pensamentos, continuam ali.Aliás, como diria Mario Quintana "Nada jamais continua, tudo vai recomeçar!". Talvez o encômodo em pensar sobre os pensamentos seja maior do que a força das águas de um rio, ou até mesmo, da inquietabilidade das palavras que tentam traduzir minhas bobices, as quais se renovam a cada linha que escrevo.
Minha mãe trouxe um remédio e um prato de mingau; o Paranapanema é lindo, pode procurar; não sei se amanhã chove, eles nunca acertam; e ah, é provável que eu esteja apaixonada, mas sabe como é, pessoas apaixonadas sempre perdem a credibilidade quando escrevem. Fácil perceber que as bobices já recomeçaram, mas ta aí uma delas: o  Paranapanema e a indecisão em gostar ou não da efemeridade da vida. Mas uai, acontece...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Nada que tenha muito sentido

Continuo achando que sintir saudade não pode ser indicado um remédio, nem em comprimido, nem em gotas. Aliás, continuo achando muitas coisas. Mas não esperava algum dia ter medo da saudade; pior, a saudade que ainda terei. Uma coisa tão inevitável, tão incontrolável como essa e que agora temo. Temo ainda tantas outras coisas. Tenho um medo inconsciente. Melhor seria dizer que inconsciente estou eu... do amanhã, do futuro, do destino, do daqui a pouco. Essa insegurança me apavora. Por que isso agora? Talvez eu esteja amadurecendo, preocupada com o futuro, ou talvez não. Talvez não mesmo, já que isso me enfraquece, e essa insegurança, aos poucos, me perde do que realmente sou. Definitivamente não me entendo com a palavra perder. Contudo, dentre tantos medos que me inquietam, o maior deles talvez seja as perdas que futuramente terei. Não a perda das minhas chaves ou das minhas canetas. Perder por completo, perder inteiramente, como a perda que é a morte. Por mais pacífca que ela seja, a dor não é de quem vai, isso de algum jeito, me amedronta. Hoje, sinto uma constante necessidade de demonstrar o que sinto por alguém, pois como já escrevi, tenho medo do daqui a pouco. E um dia, pode sim, ser tarde demais. Me vem a cabeça, de repente, aquela velha frase de vó, "Não deixe pra fazer amanhã, o que você pode fazer hoje", a qual começa ter enorme sentido pra mim. Afinal, sentir saudade não é motivo suficiente pra ter alguém de volta, é? Não devo ser a primeira pessoa que sente esse e tantos outros medos, e com certeza nem a última. Ainda tenho medo de coisas normais, como do escuro, ainda que, ultimamente, ele tenha me confortado. E se você não entender esse texto, não fique chateado, não é nada que tenha muito sentido. Não pra você. Escrevo o que sinto, então, escrevo para mim. Alguns mestres zen sempre dizem que é impossível ver o próprio reflexo em águas movimentadas. Finalmente, sinto que as águas estão se acalmando. Vou nadando com a maré e só tomo cuidado pra ela não me afogar. Hoje aqui, amanhã não se sabe!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Não falo só de chinelos

Meu chinelo não serve mais pra mim, ele está até meio desbotado, confesso. É sempre bom ir à loja pra comprar outro novo, escolher o da moda, escolher o que se adéqua a você, o que é ideal. Ou no caso da minha mãe (coitada!), se limitar no tamanhozinho do seu pé, um simples 34. É sempre esse novo que eu juro lavar todos os dias e tomar o máximo de cuidado com ele, pra que ele dure, se não pra vida inteira, pelos menos por um bom tempo. Adoro chinelos. Cada um uma personalidade, cada um uma cara, um jeito, uma cor, um detalhe. Mas é contraditório, porque eu mesma, não tenho muitos...consigo contar nos dedos os do meu armário. E dentre esses tão poucos, é impossível não ter um favorito, um que eu leve em todas as viagens, e o use mesmo quando um outro combina mais com a roupa que eu estou usando. Impossível porque tem sempre um que te conforta mais do que os outros, que te deixa mais a vontade, um que ta ali perto do seu pé toda hora, quando sua mãe já gritou pra você guardar ele á horas. Aquele todo fofo, que você não quer que ninguém use, e quando uma amiga fala já calçando o chinelo “Que lindo, posso experimentar?”, você só mexe a cabeça fazendo que sim e olha pra ver outro pé calçando a-q-u-e-l-e seu preferido, ou as vezes nem olha, de ciúmes; Afinal, vai que fica melhor no pé dela? Ou eu estou louca e ninguém faz isso!? Não é egoísmo, é amor. Minto, é egoísmo, mas é amor também. O fato é que ter um chinelo preferido é do meu cotidiano, e faz um bom tempo que ele fica fora da sapateira dia e noite, sendo trocado algumas vezes por necessidade gritante de combinação. Porém, com o passar dos meses, e deste em especial, alguns anos, meu chinelo roxo com listras foi se desgastando, até um dia em que percebi o quanto era cansativo ficar com ele o dia todo, diminuindo portanto, a freqüência que eu calçava-o. No início aproveitei algum descanso pois calçava um dos outros, ainda novos, que ficavam sempre tão guardados na sapateira, mas depois comecei a perceber que só aquele chinelo eu podia jogar no chão, calçar e falar “to pronta, vamos?”, e eu nem sei o porquê disso. Mas meu chinelo, embora esteja desgastado, ainda está em bom estado, só não é mais ideal pra mim, é ideal para outra pessoa. Aliás, ganhei um novo esses dias, vou tentar aproveitá-lo ao máximo, e não vou pensar que nenhum chinelo fica pra sempre, apenas aqueles bem lavados e guardados. E não vou pensar que nenhum amigo fica pra sempre, apenas aqueles bem tratados e guardados...

sábado, 18 de setembro de 2010

Piuí!

- Estamos chegando?
- Não.
- Onde estamos? Falta muito?
- Estamos em alguma estação, não sei ainda em qual temos que descer...
(Porta dianteira do segundo vagão abre, descem ali algumas pessoas, mas outras ainda permanecem - como aquelas duas do diálogo – e “Piuiiií”, mas uma estação vai ficando para trás.)

Sabe, é assim que a vida funciona: como um trem. A todo tempo, um passageiro da lugar a outro, e não importa se os vagões estão cheios ou vazios, o trem não para, nunca. Tem gente que entra na primeira estação e vai vendo os vagões enchendo.. Tem gente que fica nos primeiros assentos. Mas tem gente que sobe, e nem senta, seja porque está cheio ou porque sabem que vão descer logo. Tem aqueles passageiros que só "esquetam o banco" e outros que alegram a viagem, mesmo que apenas por certo tempo, até que chegue a sua estação destino. Tem ainda, aqueles que ficam em pé um bom período da viagem, mas são persistentes, e desejam estar nos primeiros bancos; estes atingem seus objetivos, pois possuem o dom da paciência. Tem aqueles do fundão, que não deixam de ser importantes por estarem mais para trás. Com o passar do tempo, nota-se que alguns mudam de assento, outros descem, e outros não, outras voltam a subir, outras não, e assim vai, conforme as necessidades. É permanente a troca de passageiros a cada estação, e isso de alguma maneira, acaba comigo. Mas como já disse Gregório Mattos em uma de suas poesias "A firmeza somente na inconstância"; de passageiros, de velocidade, de aventuras, de lugares, de amores. E o que me alegra ao observar as pessoas que devagarzinho alí vão ficando, além de saber que outras embarcarão, é perceber que se diferenciaram dos outros passageiros, e deixaram lembranças, que guardarei até o fim da viagem. Piuí! Lá vai a velocidade aumentando, aumentando, até que se mantém uniforme... ou não (mas pulemos essa parte de velocidade, porque física é meu trauma). Enfim, você tem que torcer para não embarcar no trem errado, porque tem maquinista que anda por trilhos bambos, o que não garante que você chegue ao ponto final. Porém, seja o maquinista dos trilhos certos ou errados, estes não tem o poder de decidir quem sobe ou quem desce. Acho que meu trem anda pelos trilhos certos, mesmo tendo a sensação de que falta um passageiro nele ou de sempre querer decidir quem permanece ou desce dele. Mas como eu já disse, nenhum trem para, não antes do ponto final.Piuí!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Dialogando

Querido Diário,
Nunca tive um diário, então não sei bem como começar, se algo sair errado, desculpe-me. Não sei se em diários é necessário uma apresentação, mas acho que não a farei. Antes de começar, tenho um P.S pra acrescentar: Sr. Diário, peço que tenha paciência comigo, não ando das dez mais simpáticas.
Boa noite Sr.,
Queria contar sobre a minha semana, dos passeios no parque, da minha escola nova, das fotos que tirei e das pessoas que conheci. Uma pena, porque não fui ao parque, nem mudei de escola, não tirei fotos, muito menos conheci alguém. Então, vou falar da minha amiga Luiza. (Já que o Sr. é meu, eu falo o que quero não é?)
A semana dela foi vazia, acho que ela nem percebeu que a semana passou tão rápido. O sorriso dela não é tão radiante como antes; e mesmo sendo DELA o sorriso (e ela faz o que quer com ele, como eu falo o que eu quero aqui), é injusto isso. Injusto porque me parece faltar alguma coisa pela manhã. De segunda a segunda, a Lú só lê, vai na academia, estuda. Minto! ela não faz só isso, ela tá sempre fazendo alguma coisa, e isso me incomoda, porque isso não é dela. Ela é toda cozida, fica no computador e no máximo estuda, não estou entendendo essa falta de quietisse dela. As vezes acho que ela não quer pensar no que aconteceu esses dias. Entendo ela.. Ela me disse ontem "Fui ao parque, e no meio de tanta gente, me senti sozinha. Estou vazia. Ando cansada, mas não consigo dormir. Mas é, deixa que, qualquer dia a gente se entende. Vou aprender a viver sem ele.." E apesar de mil e uma coisas terem passado pela minha cabeça, não sabia o que dizer, a única coisa que consegui falar foi "é, jaja passa." Ela, como sempre, não respondeu. Ando falando muito sozinha ultimamente viu Sr. diário, tá complicado. Tenho medo dela não aguentar isso de novo, dela não achar um refúgio, uma luz. "Mas e ELE, como tá?" (sinto que o Sr. perguntaria isso se pudesse me escrever também), e eu diria "só Deus sabe." A única coisa que eu sei é que ela não está sozinha, nem nunca vai estar. Serei uma bateria pra lanterna dela, pelo menos até ela achar uma luz mais estável.
Desculpa, eu falei muito! mas queria contar da minha semana, e isso, por incrível que pareça, ocupou minha semana toda.
Prometo ser breve da próxima vez, e olha, foi um prazer dialogar com você! Até amanhã,
Assinado: Júlia .

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sem remédio

Não importa a hora, o lugar, ou quantos anos você tem, porque ela sempre vem. E pior, ela não vem uma vez só, igual catapora. Não coça, nem arde. Mas as vezes demora pra ela passar, as vezes não passa. As vezes ela vem por descuido seu, ou pelo tempo mesmo. Pra quem ainda não pegou, se prepara, porque a saudade não é fácil não! E ela chega, sem hora pra ir embora, ela chega. Eu queria mesmo era poder chamar minha mãe e pedir um remédio...

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Aperte o play.

Fechei o livro – no começo da semana - ainda com meus pensamentos na história, crianças sem família, sem lar, perambulando, nas suas malandragens, pelas ruas da Bahia . Tive a infeliz sensação de estar dentro do livro. É, infeliz mesmo. Como se eu fosse apenas uma personagem figurante, a qual nada poderia fazer para mudar a vida daquelas crianças... não daquelas. Andei pensando aqui com meus botões, eu sempre achei que precisasse de mais, muito mais pra viver, pra ser feliz. Aliás, a gente sempre acha isso. Mas percebi que por todo esse tempo estive errada. Eu só precisei reparar em como, apenas com um sorriso (não dos mais bonitos que já dei), refletiu em tantos outros, fazendo aquela tarde de domingo tão viva, tão feliz. É, tão feliz! Não mudei a vida de ninguém, porque sorrir e passar algumas horas ali, num abrigo de crianças tiradas dos pais por maus tratos, foi muito pouco. E mesmo sendo extremamente pouco brincar de “mamãe e filhinha” e apostar corrida, uma tarde fizemos a diferença. Mesmo sem tirar a carência daqueles catatais ou muito menos apagar as histórias sofridas e cenas tristes que cada um deles carrega consigo, fizemos a diferença. São crianças, como eu fui um dia, como aquelas do livro, que perambulam pelas ruas da Bahia. Precisam de carinho, bom lar e família estruturada. E foi apenas a tarde de algumas crianças, mas eu apertei o play, e não quero parar com isso. Preciso de mais sorrisos para minha nova coleção.